Nicola Pamplona
Kelly Lima
A Petrobrás anunciou ontem a descoberta de uma nova fronteira petrolífera no País, em águas ultraprofundas no litoral de Sergipe. Segundo a estatal petrolífera, o primeiro poço perfurado encontrou volumes de óleo superiores a qualquer descoberta na região. A empresa, porém, diz que é cedo para falar no potencial. No primeiro poço, encontrou “dezenas de milhões de barris”.
A descoberta foi comemorada pela estatal por se tratar de uma área com características geológicas semelhantes às da Bacia de Campos, maior produtora de petróleo do País, que tem a maior parte de suas reservas em rocha chamada turbidito. “A Petrobrás é reconhecida como empresa de águas profundas e fez escola nos turbiditos da Bacia de Campos”, comentou o gerente executivo de exploração da Petrobrás, Mário Carminatti.
A descoberta da jazida de petróleo anunciada ontem fica no bloco exploratório SEAL-M-426, a 58 quilômetros da costa de Sergipe. Apesar da pouca distância, a lâmina d’água (distância entre a superfície e o fundo do mar) na área é de 2,34 mil metros, maior do que a de Tupi, na Bacia de Santos, que gira em torno dos 2,1 mil metros. O poço ainda está sendo perfurado, em busca de objetivos mais profundos.
Além da semelhança geológica com a Bacia de Campos, a petroleira se animou com a qualidade do óleo encontrado no poço, que é do tipo leve, semelhante ao do pré-sal, com maior valor de venda no mercado internacional. A Petrobrás é hoje importador de petróleo leve, que é misturado ao pesado óleo nacional para maior produção de diesel em suas refinarias.

Governador de Sergipe, Marcelo Déda (E), e presidente da Petrobrás, Sérgio Gabrielli, durante anúncio da descoberta (Foto: Agência Petrobrás de Notícias)
Águas rasas
Sergipe tem hoje pequena produção de petróleo no mar, na casa dos 8 mil barris por dia, em campos em águas rasas. O único campo produtor em águas profundas na região é Piranema, localizado numa lâmina d’água de 800 metros, a 90 quilômetros da nova descoberta. O projeto, que também tem óleo de boa qualidade, vem sendo usado pela Petrobrás para testar um novo tipo de plataforma, de casco cilíndrico, que resistiria melhor às oscilações das marés.
Atualmente, o Nordeste tem grande atividade petrolífera apenas em terra, em bacias já exploradas desde antes da descoberta das primeiras reservas gigantes de petróleo na Bacia de Campos. Sergipe, por exemplo, produz quatro vezes mais petróleo em terra do que no mar, segundo dados compilados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), que incluem também a produção de companhias privadas.
DESCOBERTAS
Bacia do Parnaíba
>> A OGX anunciou, no dia 12 de agosto, a descoberta de gás natural em um bloco terrestre na bacia, no Maranhão, com potencial. Segundo Eike Batista, a região tem potencial para produzir até 15 milhões de metros cúbicos por dia, metade do volume importado da Bolívia.
Bacia do São Francisco
>> No início de setembro, a Orteng anunciou sua primeira descoberta na bacia mineira, até hoje com pouca atividade exploratória. Não há dados sobre reservas, mas a companhia demonstrou otimismo com o sucesso da perfuração. A Petrobrás também prepara poços no local.
Bacia de Sergipe-Alagoas
>> A Petrobrás anunciou ontem a descoberta em águas profundas na bacia de Sergipe-Alagoas, a primeira desse tipo na região. Para a empresa, trata-se da mais nova fronteira exploratória do País.